Talvez
seja a última postagem desse esse de 2012, talvez não...
Bom,
não poderia deixar de compartilhar essa crônica da Martha Medeiros (que
simplesmente amo). Consegui encontrar nesse texto o significado de uma das
coisas que eu sempre achei impossíveis de explicar: um abraço.
Espero
que se divirtam na leitura, porque eu simplesmente viajei ao ler cada linha.
Um
bom texto de despedida do ano, que os próximos nos tragam cada vez mais sonhos
dispostos em cada palavra. E lembre-se: O próximo ano trás no mínimo 365 novas
oportunidades, vamos aproveitá-las, talvez uma delas esteja dentro de um simples
abraço!
Dentro de um
abraço
Onde é que você gostaria de estar
agora, nesse exato momento?
Fico pensando nos lugares
paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num
determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do
mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e
vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estreia
de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama,
que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é
irreproduzível.
Posso também listar os lugares onde
não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião
de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa
cadeira de dentista.
E então? Somando os prós e os
contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?
Meu palpite: dentro de um abraço.
Que lugar melhor para uma criança,
para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para
um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre
seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar
luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se
dissolve.
Que
lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um
recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação
é incerta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao
paraíso.
O rosto contra o peito de quem te
abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz
durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer,
dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.
Que lugar no mundo é melhor para se
estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio
lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se
divertindo, num final de tarde à beiramar, deitado num parque olhando para o
céu, na cama com a pessoa que você mais ama?
Difícil bater essa última
alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço? Alguns o
consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo
que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer
tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não
endossar manifestações de alforria. Entrando na semana dos namorados, recomendo
fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um
abraço que te baste.
Martha
Medeiros – 12 de junho de 2008